O atletismo brasileiro está de luto. O atletismo só, não. Creio que todos
os brasileiros que realmente se acreditem brasileiros, devem fazer um minuto de
silêncio em homenagem ao grande atleta que se foi.
Adhemar Ferreira da Silva foi, sem dúvida alguma, o maior nome do esporte
brasileiro. Foi o único atleta brasileiro a ganhar duas medalhas de ouro olímpicas,
em Helsinque e em Melbourne. Há que se ressaltar que Adhemar nunca teve
treinamento no Exterior, sempre lutou com a mais absoluta falta de recursos. Se
hoje nossos atletas se ressentem desse problema, calculem na época... Para que
se faça uma idéia, Adhemar solicitou uma licença em seu emprego na Prefeitura
de São Paulo em 1956, para defender o Brasil em Melbourne. A licença foi
recusada pelo então Prefeito Janio Quadros. Mesmo com a recusa, nosso herói
optou por defender o Brasil. Ao regressar, com a medalha de ouro no peito, foi
agraciado com a demissão do emprego... Pode? Pois foi o que aconteceu.
Felizmente a iniciativa particular sempre o amparou. Primeiro, seu clube de coração,
o São Paulo F.C. que sempre o amparou. Aliás, aquelas duas estrelas de ouro
que o tricolor sempre ostentou em seu uniforme, representam sua homenagem ao
grande atleta. Posteriormente o Vasco da Gama também o amparou. Adhemar nunca
passou necessidades graças à iniciativa particular, porque no entender das
autoridades da época , seus feitos de nada valiam. Enfim, a ingratidão humana
sempre foi um fato.
Juntando-se a Ayrton Senna, Ademir de Menezes, Barbosa, Dener, lá estará agora
Adhemar Ferreira da Silva, o Canguru, formando a grande Seleção do Esporte
Brasileiro. Esportistas que, se nos deixaram fisicamente, permanecerão sempre
na lembrança e no coração daqueles que vibraram com suas vitórias, seja por
os terem visto ao vivo e a cores, seja por aqueles que só souberam de seus
feitos por ouvir dizer. Mas esquecidos, nunca serão. Sempre existirá alguém
que os relembre, pois seus feitos foram muitos e muito significativos.
DESCANSE EM PAZ, VALENTE CANGURU.